Especialista da Nord vê ajuste “paulatino” no preço dos FIIs com fim dos incentivos

Por Douglas Rodrigues e Enzo Bernardes

O mercado de fundos imobiliários (FIIs) deve passar por um ajuste gradual com a implementação da reforma tributária, avalia Otmar Schneider, analista da Nord Investimentos. Segundo ele, muitas regiões se desenvolveram graças aos fundos e à estrutura de incentivos fiscais, e a migração para novas localidades não deve ser tão profunda:

Com a diminuição de atividade, provavelmente o que vai acontecer é um ajuste de preço. Hoje, preços que talvez estejam muito mais elevados, justamente por conta desse incentivo fiscal, eles devem diminuir o valor. O mercado vai se ajustando, como é uma mudança paulatina, vai tendo esses efeitos ao longo do tempo”, explicou.

O analista citou como exemplo regiões como o Sul de Minas e Santa Catarina, que podem sofrer menos impactos devido à infraestrutura já consolidada e à presença de atividades logísticas:

A gente vai ter que ver o que vai acontecer no longo prazo, mas aparentemente não faz muito sentido ter um impacto muito grande em estados muito distantes, que já têm instalação logística voltada para atividades”, disse.

Schneider destacou que os fundos administrados pelo BTG já apresentam grande concentração de ativos em São Paulo, o que deve favorecer o desempenho dessas carteiras com a reforma tributária. Ele citou que o BTLG, por exemplo, possui 33 imóveis, sendo 90% localizados no estado, mostrando um posicionamento estratégico na região.

O especialista ressalta que, embora o mercado ainda não esteja totalmente atento aos efeitos da reforma do consumo, a reforma da renda vai introduzir o Imposto Mínimo, que deve ter impacto mais imediato –especialmente sobre pessoas físicas de alta renda.

Para quem já paga cerca de 7,5% de imposto sobre renda de aluguel, o tributo extra de 10% não faz muito sentido, mas é para quem não tem recolhimento sobre essa renda”, explicou.

Schneider ressaltou que, mesmo com as mudanças tributárias, o mercado deve se ajustar de forma gradual, e a valorização de áreas estratégicas, como São Paulo, deve se manter.


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