Governo extingue Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária e Bernard Appy deixa o cargo

Bernard Appy
Na imagem, Bernard Appy – Foto: Bruno Spada via Câmara dos Deputados

Por Gabriel Benevides, de Brasília

A Sert (Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária) encerrou oficialmente os trabalhos na 5ª feira (6.nov.2025). 

Foram quase 3 anos de atuação. Agora ministro da Fazenda, Fernando Haddad anunciou ainda em dezembro de 2022 –durante a transição de governo–que o comando do órgão ficaria com o economista Bernard Appy.

Appy já tinha passagem pela Fazenda de 2003 a 2009, quando ocupou outras secretarias: Executiva, Política Econômica e Reformas Econômico-Fiscais.

Ele trabalhou de 2015 a 2022 no CCiF (Centro de Cidadania Fiscal), responsável por escrever boa parte da redação que entrou na emenda constitucional da reforma tributária/

As principais atuações da Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária foram a elaboração e a negociação política da:

Appy costuma reconhecer que nem todos os textos legislativos saíram como ele e seu time idealizaram. Diz que é um custo político para a atualização do sistema tributário brasileiro.

A secretaria da reforma deveria acabar só depois que o PLP 108 fosse aprovado no Legislativo. Acabou que foi um pouco antes, considerando o cenário em que o texto precisa ir à sanção em 2025. Eram 10 funcionários diretos durante o auge do órgão, no ano passado.

Representantes dos estados, municípios e mesmo do setor privado citam os diálogos com Appy como parte fundamental para a viabilização da reforma. Eles reconhecem que o agora ex-secretário precisou atuar também como articulador –além de técnico. O time também manteve contato com outras instâncias da equipe econômica.

A comunicação ampla se refletiu na despedida da Sert na noite de ontem, realizada em um restaurante na área central de Brasília. 

Funcionários de diversas áreas da Fazenda foram ao local prestigiar os trabalhos, com presença de nomes da Receita Federal e mesmo do Tesouro Nacional –que geralmente tem pouca relação direta com a reforma.

Tributaristas, jornalistas e parlamentares também foram ao local. O clima em geral era de trabalho cumprido, com um quê melancólico de despedida.

Assunto não faltou. Ainda há dúvidas sobre o futuro da apuração assistida, bases de cálculo, Imposto Seletivo e a regulamentação no Legislativo.

Uma dupla da secretaria extinta permanece no Ministério da Fazenda. Os diretores de programa Rodrigo Orair e João Nobre estão na Secretaria-Executiva, onde continuam atuando com temas da reforma.

A Sert acabou. Mas as discussões sobre a reforma serão duradouras dentro e fora da equipe econômica. A Receita Federal e o Comitê Gestor do IBS ficarão com a missão de concluir a regulamentação infralegal, já que os principais textos foram aprovados pelo Congresso.

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