
Por Wagner Dirlon
A pergunta que não quer calar é simples, mas decisiva para o futuro de qualquer organização:
Em que fase está o Projeto Reforma Tributária dentro da sua empresa?
Depois de tantas idas e vindas, a reforma deixou de ser promessa distante para se tornar um projeto real, com prazos definidos, investimentos necessários e impactos concretos em cada operação de negócio. Não se trata mais de “se” vai acontecer, mas de “como” cada empresa vai se adaptar.
Da descrença à execução
No início, a reação mais comum foi a descrença.
As frases se repetiam:
- “Isso não faz sentido.”
- “Isso não vai funcionar.”
- “Isso vai ser prorrogado.”
Mas a realidade se impôs.
Fase 1 – Superando a descrença
Logo percebemos que era preciso convencer stakeholders e casas matrizes. O Brasil carrega a fama de instabilidade regulatória, mas desta vez havia um diferencial: 24 anos após a apresentação do primeiro projeto, a reforma finalmente saiu do papel.
Isso exigiu orçamento, apoio político interno e priorização de tecnologia. Sem isso, nada caminharia.
Fase 2 – Engajando e comunicando
Na sequência, surgiu o desafio de engajar áreas e departamentos.
Quem já tentou sabe: não basta disparar comunicados. Era preciso mostrar relevância, educar e engajar.
E aqui estava o ponto delicado: áreas fiscais muitas vezes são vistas como o “esquadrão do enrolês”, travando projetos e ideias. Mas com dedicação, clareza e habilidade de comunicação, conseguimos virar esse jogo e mostrar que a agenda era séria.
Fase 3 – A execução começa a doer
Hoje, já estamos em uma fase prática:
- orçamentos foram alocados,
- consultorias e parceiros contratados,
- configurações de ERP em andamento.
E a data não deixa espaço para ilusões: 01/01/2026 está logo ali.
O risco do ecossistema: o efeito dominó
Um aspecto crítico e pouco debatido é que nenhuma empresa existe isolada. Todas fazem parte de um ecossistema de negócios — seja como fornecedor, cliente, consultor ou plataforma.
👉 Se uma empresa não estiver pronta, o gargalo se espalha para toda a cadeia.
Imagine uma montadora de veículos pronta para acelerar sua produção em janeiro de 2026. Mas o fornecedor de volantes não consegue emitir notas fiscais com as novas tags exigidas. O que acontece?
- A montadora não monta.
- O carro não sai da linha.
- O mercado perde.
- E o fornecedor pode perder o contrato.
Esse é o risco real: sua empresa pode perder clientes e contratos simplesmente por não estar pronta.
Portanto, o tema não é apenas adequação fiscal. É competitividade, reputação e sobrevivência empresarial.
Despreparo x Improviso
É aqui que entra a distinção essencial.
Muitos ainda estão esperando um “sinal dos céus”. E eu respeito: acredito sim na energia invisível que nos apoia em momentos difíceis. Mas como dizia um grande professor de Programação Neurolinguística que tive:
“Despreparo é diferente de improviso.”
- Improvisar é inevitável. Sempre haverá imprevistos que exigem criatividade.
- Mas despreparo é inaceitável. Ele não é fruto de surpresa, e sim de falta de visão e ação.
Quem confunde os dois corre o risco de transformar a Reforma Tributária em uma crise interna.
O ponto de virada
A Reforma Tributária não é mais um debate político, é um projeto empresarial obrigatório.
Empresas que se prepararem agora não apenas estarão em conformidade, mas também ganharão velocidade, previsibilidade e vantagem competitiva.
Já aquelas que ficarem esperando “um empurrão mágico” podem descobrir, da forma mais dura, o custo de não agir.
A provocação final
E você, leitor: em que fase está sua empresa?
- Ainda na descrença?
- Tentando convencer a alta gestão?
- Engajando as áreas internas?
- Ou já com a mão na massa, ajustando ERP e testando processos?
A questão não é mais “se” a reforma vai acontecer.
A questão é: quando ela acontecer, sua empresa estará preparada ou será o gargalo do ecossistema?
Wagner Dirlon tem sólida vivência em liderança estratégica e gestão de pessoas, com foco em transformação de processos, melhoria contínua e desenvolvimento de equipes de alto desempenho. É Head of Finance & Tax Services Brazil na Neodent. É fundador da Leading IsCool.
Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.