Por Enzo Bernardes
“O maior problema da reforma tributária não é a sua complexidade, mas é ela se tornar invisível dentro da sua empresa” diz Rico Chermont, CRO na ROIT. A declaração foi feita durante a participação de Rico no podcast Tax Capital, apresentado pelo editor-chefe do Portal, Douglas Rodrigues.
“Se você não consegue contar a história da reforma tributária dentro da sua empresa, acaba se tornando uma área isolada, que ninguém se interessa. O CFO não libera verba, o setor de compras não se preocupa com o fornecedor, o comercial não quer ajustar preços e o marketing ignora estratégias que poderiam, de fato, gerar crédito“, disse.
Para ele, a reforma tributária não é uma reforma de tributos, mas de negócios. A mudança vai muito além de ajustes no sistema de arrecadação, ela redefine a forma como as empresas estruturam suas operações e planejam o futuro. Segundo Chermont, essa transformação colocou o profissional de tax no centro das decisões estratégicas:
“A área tributária sempre foi vista como algo à parte, responsável apenas por pagar impostos, emitir guias, recolher tributos, recuperar créditos. De repente, com a reforma tributária, o holofote se voltou para o time de tax e disseram: agora resolvam o futuro da empresa”, disse.
A partir desse novo cenário, Rico introduziu o conceito de Tax Storyteller, que define o profissional capaz de combinar técnica, tecnologia e narrativa. Para ele, o desafio da reforma tributária vai além da complexidade: está em torná-la visível dentro das organizações. Quando o especialista em tributos não consegue comunicar o impacto das mudanças, tende a se isolar e perder protagonismo nas decisões estratégicas.
Ele defende que o papel do profissional tributário deve ir além da simples conformidade às normas. Segundo ele, a atuação estratégica depende da capacidade de transformar dados em narrativas que orientem decisões.
A partir dessa lógica, a ROIT passou a investir em uma abordagem que une tecnologia, educação e comunicação:
“Na reforma tributária, a gente aprende ensinando e ensina aprendendo. Essa veia educacional que trazemos para o marketing é o que gera resultado, porque não estamos falando com interesse comercial, mas com o mercado”, disse.
Rico também ressaltou o protagonismo da ROIT nos debates técnicos e políticos que envolvem a implementação da reforma tributária. Segundo ele, a empresa foi a única representante do setor de tecnologia a participar da construção do texto, mantendo interlocução direta com a Receita Federal, o Serpro e a Frente Parlamentar pelo Livre Comércio em discussões consideradas fundamentais para o avanço do projeto.
“Terraplanistas da reforma”
Para Chermont, 2025 marcou um divisor de águas para as empresas que decidiram se antecipar à reforma tributária. Ele observa que ainda há quem duvide da implementação das mudanças, os “terraplanistas da reforma”, mas reforça que o processo já começou e avança de forma concreta no ambiente empresarial.
O CRO vê com otimismo a cooperação entre governo e iniciativa privada: “Existe um esforço conjunto do setor público e do setor privado em fazer com que a reforma dê certo“, disse.