
Por Enzo Bernardes
Giovanni Schiavone, sócio na EY, começou sua trajetória na área jurídica cedo, literalmente um dia antes do início da faculdade. Movido por curiosidade e iniciativa, participou de uma entrevista em um escritório de advocacia e foi contratado imediatamente. Nos primeiros anos, atuou nas áreas cível e trabalhista, mas sua afinidade com números o levou a buscar novos caminhos, e foi assim que se aproximou da área tributária.
Ainda na faculdade, no terceiro ano, surgiu a oportunidade de estagiar com Luiz Eduardo Schoueri, um dos maiores nomes do direito tributário no Brasil, no escritório Lacaz Martins Advogados. A experiência foi decisiva: ali começou sua jornada definitiva no mundo tributário.
Transformações reais
Com uma carreira de mais de duas décadas, Giovanni se destaca por liderar projetos com alto impacto prático. Segundo ele, o que mais o motiva são os projetos “transformacionais”: aqueles em que é possível ver claramente a evolução do cliente do ponto A ao ponto B.
Um exemplo marcante foi a reestruturação da área fiscal de uma empresa de energia. O projeto durou um ano e, ao final, mudou a percepção interna da área tributária, que passou a ser vista como estratégica: “O CEO passou a enxergar o time fiscal com outros olhos”, conta.
Foco em tecnologia
Atualmente, Giovanni direciona sua atuação para projetos que envolvem tecnologia e transformação digital na área tributária. Ele acredita que o futuro da profissão passa pela adoção de ferramentas tecnológicas e pela mudança de mentalidade dos profissionais da área.
Na EY, tem adotado soluções de automação, business intelligence (BI) análise de dados e, sobretudo, inteligência artificial generativa: “Hoje eu não vivo mais sem IA generativa. Ela está o tempo todo na minha tela”, afirma.
Para ele, essas tecnologias não só otimizam processos, mas também mudam completamente a entrega de valor, como nos dashboards interativos que substituíram os antigos relatórios em PowerPoint e mapeamentos em Visio.
Os desafios do profissional tributário
Segundo Giovanni, o maior desafio da área tributária no Brasil ainda é a complexidade do sistema fiscal. Isso consome o tempo dos profissionais, que acabam focando quase exclusivamente no cumprimento de obrigações acessórias, em vez de pensarem estrategicamente.
Outro obstáculo recorrente é a falta de orçamento e de recursos, reflexo da visão ainda tradicional que muitas empresas têm da área fiscal, como um simples back office. Para ele, esse mindset precisa mudar, especialmente com a chegada da reforma tributária, que deve forçar as empresas a modernizar e redefinir o papel estratégico da tributação nos negócios.
Mudança de mindset
Giovanni defende que o segredo para o sucesso na área fiscal é buscar conhecimento constantemente. Ele passou por escritórios de advocacia, consultorias, indústria, e explorou diferentes áreas, até encontrar sua verdadeira vocação.
Ele também destaca a importância de abraçar a tecnologia, mesmo para profissionais com décadas de carreira:
“Eu sou formado em Direito, mas me apaixonei pela tecnologia. Não nasci com isso, eu aprendi a gostar”, explica.
O recado final é claro: mudar o mindset, buscar novos conhecimentos e se adaptar são fatores-chave para qualquer profissional se manter relevante.