
Por Enzo Bernardes
O presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, anunciou um pacote de ajustes que inclui a revogação de quatro impostos e uma redução de 30% nos gastos públicos previstos para 2026. Segundo o governo, as medidas têm como objetivo destravar investimentos e enfrentar a crise econômica que atinge o país.
Entre os tributos eliminados está o imposto sobre grandes fortunas, criado pelo ex-presidente Luis Arce. Paz afirma que a cobrança afastou mais de US$ 2 bilhões em potenciais investimentos. Também foram revogados os impostos sobre transferências financeiras, jogos de azar e promoções empresariais.
Ao detalhar a decisão, o ministro da Economia, José Gabriel Espinoza, destacou que todos os quatro tributos representavam menos de 1% da arrecadação total.
Além da desoneração, o governo anunciou um corte de gastos equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), medida classificada por Espinoza como “uma redução massiva”. O ministro defendeu a necessidade de “continuar reduzindo o tamanho do Estado” para criar um ambiente mais favorável ao crescimento econômico.
Segundo o jornal Boliviano LaRazón, Espinoza explicou ainda que o imposto sobre grandes fortunas representou uma fuga de capitais da Bolívia e um forte desincentivo ao investimento estrangeiro, o que paralisou muitos projetos desde 2016:
“Tudo o que fez foi gerar mais custos para o Estado. Para se ter uma ideia, ele sequer cobre o custo administrativo da sua arrecadação”, disse.
Durante a campanha, Paz havia sinalizado que adotaria ajustes graduais para enfrentar a crise, marcada pela escassez de combustíveis e pelo aumento do custo de vida. Mesmo com o pacote fiscal, subsídios e câmbio fixo, considerados pilares do modelo econômico boliviano, devem ser mantidos por enquanto. O país compra combustíveis a preços internacionais e os vende internamente com subsídio próximo de 50%.



