
Por Enzo Bernardes
Em entrevista à Exame, Alexandre Amorim, presidente do Serpro, descreveu a Nuvem de Governo como um marco estratégico para a proteção dos dados públicos no Brasil. Segundo ele, a infraestrutura foi construída para assegurar que dados sensíveis e estruturantes do Estado sejam mantidos sob total controle nacional:
Amorim afirma que a Nuvem de Governo foi estruturada para funcionar integralmente dentro do data center do Serpro, garantindo soberania operacional e de dados, sem qualquer acesso externo ao país: “O que foi pensado foi justamente uma infraestrutura com a empresa como provedor, garantindo uma nuvem segura para os dados do governo“.
Para viabilizar a Nuvem de Governo, o Serpro firmou cooperações até com grandes empresas internacionais de tecnologia, diz Amorim:
“Temos contratos com Huawei, Google, Oracle, Microsoft, AWS, mas a nuvem está num ambiente onde o Serpro consegue operar 100% sem contato com a nuvem pública. É uma nuvem privada”.
Além disso, Amorim relaciona a nuvem com outro projeto estratégico: a plataforma da Reforma Tributária de Consumo, desenvolvida no ambiente da Nuvem de Governo:
“Para se ter uma ideia, esse sistema, em termos de volume, é 150 vezes maior que o Pix. Hoje processamos uma ordem de 70 operações por segundo. Em 2026, quando estiver plenamente estabelecido, ele terá 7 mil por segundo“, disse.
Ele destaca ainda que cerca de 500 empresas já participam do piloto da plataforma da reforma, que integra mais de 14 sistemas e conta com 140 desenvolvedores:
“É a maior. Não tem uma outra plataforma com arquitetura, com versatilidade, com elasticidade ou capacidade comparáveis. É uma grande entrega nossa. Tudo isso seguindo crescendo“.
Alexandre Amorim, que assumiu a presidência do Serpro em 2023, deve deixar o cargo nos próximos dias. Uma ala do União Brasil, partido que rompeu com o governo Lula em setembro, mas mantém indicados na administração federal, está articulando para assumir o comando da estatal de tecnologia.
O grupo quer substituir Amorim, nome ligado ao PT, por um dirigente alinhado ao Centrão. A disputa ocorre em um momento estratégico: o Serpro, que registrou receita de R$ 4,1 bilhões no ano passado, será peça central na implementação do novo sistema tributário, cujo piloto começa em janeiro de 2026.



