Como você cresceu em sua carreira?

Nicholas Meira via LinkedIn

Por Nicholas Meira

Ao longo da minha jornada tive algumas movimentações na minha carreira profissional. E qual seria o principal motivo delas? Desempenho, entregas, resultados, preparação, etc? Com certeza um pouquinho de cada, mas nada disso seria possível sem a mentoria de meus colegas e gestores!

Por que ter um mentor pode mudar sua carreira

Ao longo da vida profissional, a gente cruza com pessoas que nos marcam — algumas por um conselho certeiro, outras por nos enxergarem além do nosso próprio currículo e, por que não, outras que às vezes nos mostram como não devemos agir. Nestes momentos, ter um mentor em nossas carreiras é como ter um guia que não só conhece o caminho, mas também respeita o nosso ritmo nessa construção de jornada.

Mentoria não é sobre respostas prontas

Mentores não são oráculos. Eles não têm todas as respostas — e nem deveriam ter. O valor da mentoria está nas perguntas que provocam reflexão, nos “e se?”, “e como?”, “por que não?” que nos tiram do automático e fazem a mente borbulhar por algum tempo. Um bom mentor não te entrega uma fórmula, mas te ajuda a construir a sua.

Me recordo muito bem do meu início de carreira, ainda estagiário, quando meu primeiro gestor chegou para mim e disse: “Soldado” — ele sabia que eu estudei em Colégio Militar e, por também ter estudado lá, me chamava assim — “por qual motivo você entende que este relatório de despesas pode me ajudar em alguma decisão estratégica?” Confesso que naquele momento não tinha a mínima noção da resposta e, sem titubear, respondi: “Não sei! Mas fiz o que você me pediu.” A tréplica veio de pronto: “Então olha pra ele e me diga como posso identificar onde estão meus maiores números de despesas.”

Pronto! Estava aí a primeira mentoria gratuita da minha carreira. Não basta fazer apenas o que foi pedido. Entregar o famoso “plus a mais adicional extra” é fundamental para quem quer surpreender e se destacar. Carrego isso comigo até hoje e, sempre que possível (ou quando consigo lembrar), aplico esse raciocínio.

O olhar de fora que enxerga dentro

Estamos tão imersos nas nossas metas, prazos e inseguranças que às vezes esquecemos do nosso próprio potencial. Um mentor tem aquele olhar externo, mais experiente, que consegue identificar talentos, padrões e até bloqueios que nós ainda não percebemos.

Minha carreira seguiu adiante e minha segunda gestora me fez a seguinte provocação: “Você é fera na Controladoria, mas por que não tenta uma vaga no time tributário? É nítido que você tem os requisitos necessários para atuar nessa posição e entregar muito mais.”

Pronto, iniciava-se aí minha busca por uma vaga em algum time fiscal — o que de fato veio logo após o início dessa jornada. Esse exemplo deixa claro que um(a) gestor(a) pode sim servir como mentor alguém de forma indireta, sabendo que, mesmo perdendo um talento dentro da sua equipe, precisa desenvolver o profissional. Afinal, mais bem alocado, ele traz muito mais resultado para a companhia como um todo.

Troca que transforma

Mentoria é sobre conexão. Não precisa ser formal, com reuniões agendadas e pautas definidas. Às vezes, uma conversa rápida no corredor, um café naquele momento de descompressão, um almoço informal, uma mensagem no LinkedIn ou um happy hour despretensioso já fazem toda a diferença. O que importa é a troca genuína entre as pessoas.

Já perdi as contas do quanto aprendi ou fui provocado nessas situações! E como dito, a mentoria não precisa ser formal. Às vezes, o simples fato de ouvir uma experiência enriquecedora pode ser considerado uma mentoria indireta — que nos abre os olhos e nos faz crescer.

🔄 Quando você vira mentor (mesmo sem perceber)

E tem um momento especial na carreira em que você percebe que virou mentor de alguém. Pode ser um colega mais novo, um estagiário, ou até alguém fora do seu time ou da sua empresa. A mentoria também é sobre devolver, compartilhar e aprender com quem está começando.

E aqui é onde eu me encontro neste momento. A comunidade tributária onde atuo como presidente me conectou com excelentes profissionais, o que me possibilitou aprender, debater e, por que não, atuar como mentor de algumas pessoas! Percebi isso de forma genuína com os feedbacks recebidos de pessoas com as quais conversei — onde, através de pequenas palavras, me arrancaram lágrimas de alegria e emoção ao saber que, mesmo sem perceber, eu estava ajudando essas pessoas a prosperarem em suas carreiras. E quer saber? Isso não tem preço! 

Finalizando, destaco que neste momento de transformação tributária que estamos vivendo, nada melhor que escolhermos nossos mentores, mesmo que sem formalidade, para aprender, debater e porque não trazer algum contraponto de pensamentos, dado que a mentoria é uma via de mão dupla. Quem aprende pode em um momento ensinar, e vice-versa! Eu já escolhi meus mentores nesta jornada tributária. E você, já escolheu os seus?


Nicholas Meira é gestor de tributos na Philip Morris Brasil e presidente na Comunidade Power Tax Brasil, uma comunidade tributária com mais 150 tributaristas, que representam mais de 80 empresas de diversos segmentos de mercado.


Os artigos escritos pelos “colunistas” não refletem necessariamente a opinião do Portal da Reforma Tributária. Os textos visam promover o debate sobre temas relevantes para o país.

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